Curadoria, pergunta polêmica para sua carreira de escritora e trecho de um livro
Como a news tá longa, bora para a curadoria?
Curadoria de links
⚡ Essa live tem muito a ensinar sobre tendências 2024 nas redes sociais: FUNÇÕES SOCIAL MEDIA E PREVISÕES 2024
📍 5 dias para melhorar sua legenda no instagram (está em inglês, mas você pode traduzir a página, romancer)
🎼 Tá, e ess playlist chamada: Adolescente millenial sofrendo por amor? São músicas de 2000 que já ouvimos com lençinhos do lado.
🦟 O dengoso tá na gringa: casos de dengue começam a aparecer nos Estados Unidos e Europa. Com as temperaturas subindo novos países podem se tornar casa do nosso mosquito tropical.
📍 Estados Unidos lança a primeira lei sobre uso de IA: estão proibidos de (i) enganar consumidores, (ii) reproduzir conteúdo com discriminação e (iii) de influenciar a população em momentos de eleições.
Universidade aromancista
📚 Você postergaria o lançamento de um dos seus livros? Essa é a pergunta que tive que me fazer neste mês.
Todo escritor não vê a hora de lançar seu livro, é um misto de emoção e alegria quando o manuscrito vira do mundo e não mais só seu. E eu estou assim, nessa ansiedade para trazer a continuação do meu livro “idas e vindas de amor”.
Porém, contudo, entretanto, toda via, não quero cometer o mesmo erro que já cometi algumas vezes no passado: correr com um lançamento e passar por cima das edições finais (inclusive foi por isso que precisei relançar idas e vindas de amor I).
O volume dois dessa duologia está em leitura crítica e quando voltar para mim no final de novembro quero ter tempo hábil para revisá-lo e fazer mais edições (caso necessário). E como meu livro não é de um tema natalino, lançá-lo depois do dia 15 de dezembro também não faria muito sentido.
Idas e vindas de amor II fica então para janeiro, romancers. Mas até lá você pode ler o volume I para ficar por dentro de tudo! No final desta newsletter disponibilizo um trecho do livro, então não se assuste quando rolar a página e encontrar um textão.
📍 Ah, esse mesmo livro estará em promoção amanhã na Black Friday!
Direto do vlog, digo, shorts:
A diferença entre um bom roub0 e um mau roub0: o bom é uma homenagem, o mau, um plágio.
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edição #41 - 2023 (nossa 68º newsletter)
Idas e vindas de amor I,
[…] Caminhei em passos suaves e confiantes até onde ela estava. Conforme a distância entre nós diminuía, mais detalhes seus me eram revelados. O contorno preto do olho, o verde como a imensidão de uma floresta, pequenas sardas tentando se esconder por baixo da maquiagem, os lábios finos rosados, o cabelo penteado milimetricamente de lado para não ter nenhum frizz. Ela era muito bonita, sem sombra de dúvidas. Seu olhar me acompanhou até que eu estivesse sentado ao seu lado.
— Acho que você me deve dez reais — ela disse para a amiga loira antes que ela levantasse e nos deixasse a sós no canto da mesa. Se antes eu estava curioso, fiquei mais. Sua atenção voltou para mim novamente — Você não trabalha na revista.
— Pode ser que eu tenha vindo de penetra, em minha defesa, eu não sabia que era exclusivo do trabalho.
— E o que o penetra faz? — sua voz era decidida em cada sílaba, como se sempre tivesse o controle na palma das suas mãos. Por um instante me ocorreu como ela ficaria sendo surpreendida, sem saber o que fazer.
— Sou neurocirurgião e primo do fotógrafo.
— Ah, ele comentou de você — franzi a testa imaginando o que ele disse. O homem era um tagarela que sempre dava com a língua nos dentes. Eu não queria nem pensar no que ele tinha dito... Eu não precisava que mais ninguém sentisse pena de mim. Eu precisava era mudar o foco daquela conversa.
— E você, o que faz na revista?
— Sou colunista de moda... E modelo nas horas vagas.
— Isso explica muita coisa — e quando vi já tinha falado. — O vestido verde combina com a sua... ahm...— procurei algo em que pudesse completar a frase, o suor frio já começando a escorrer sobre minha pele — bolsa.
Ela riu.
Eu também ri. De nervoso. Eu nem sabia que estava enferrujado naquilo. E eu nem estava tentando conquistá-la... Passar mais de três anos com uma mesma mulher, depois mais três sem ela, com certeza não te preparava para falar com outras mulheres.
Aquilo estava sendo desastroso.
— Gosta de apostas? — tentei de novo, lembrando quando sua amiga nos deixou a sós.
— Sim, e não costumo perder.
— Quer apostar algo?
Ela ergueu uma das sobrancelhas, desconfiada. A conversa, finalmente, tomando um rumo diferente. Seus olhos brilharam, curiosos.
— O quê?
Olhei em volta, procurando algo que pudéssemos apostar. Eu precisava do número de celular dela, só isso. Quando vi um garçom passando segurando salada e limões cortados, a ideia veio. Não era boa, mas genial para que eu conseguisse seu número.
Levantei a mão e prontamente o garçom veio, anotando meu pedido e deixando em nossa frente um limão cortado em quatro partes.
— Devo ficar com medo? — Ela ergueu a sobrancelha olhando para a fruta.
— Tem que chupar duas partes do limão, sem fazer careta, nem fechar o olho. Se eu ganhar, você me passa seu número de celular.
— Você é bom — ela sorriu, como se estivesse admirada com meu plano de conseguir seu número. — E se eu ganhar?
— Você escolhe — dei de ombros... aquilo nem estava passando por minha mente.
Seu sorriso aumentou.
— Feito — ela estendeu a mão e eu a apertei, era macia, de dedos longos e finos. Na verdade, está aí uma palavra que a descreveria bem: fina. Na altura, no corpo, na roupa, na atitude... Aquela mulher parecia levantar o nariz e nunca mais abaixar. — Já está valendo?
Assenti.
Ela pegou duas partes do limão, uma em cada mão, e me encarou, fundo em meus olhos. Levou a primeira parte na boca e sem uma mísera careta sugou o suco amargo da fruta. Fez a mesma coisa com o segundo, sem deixar de me encarar. Quem fez careta foi eu, imaginando o amargor do limão. E ainda como se para mostrar quem mandava ali, pegou o terceiro corte do limão e o levou a boca também.
Meu queixo caiu.
Ela tomou um gole da taça com água que estava ao seu lado. Sem careta. Sem tremer o olho. Sem repuxar o rosto.
— Isso não é possível — estavam fabricando limões doces agora? Peguei o último pedaço que estava entre nós e coloquei na boca. Argh. O negócio amarrou minha boca no mesmo instante. Coloquei a língua para fora em uma careta que eu sabia que não estava nem um pouco bonita. — Mulher, isso aqui está horrível.
Ela riu.
Aí o alerta soou em minha mente.
Quem em sã consciência chupa um limão e sorri? Naquele momento eu deveria ter pegado minhas coisas e saído do restaurante, da cidade, do estado... Garantir de alguma forma que eu nunca mais me encontraria com ela. Que homem em plena consciência continuaria ali?
Mas eu não estava pleno, não é? Estava quebrado. E finquei mais ainda meu corpo naquela cadeira. Se era loucura? Talvez. Mas eu queria saber onde aquilo iria terminar. Naquele momento, a mulher de madeixas ruivas me fascinou ainda mais. Ou ela era muito amarga para não sentir o gosto, ou doce demais para combater a acidez.
— Sim, está horrível, pode beber minha água — ela colocou o copo em minha frente e sem hesitar dei longos goles. — Parece que alguém perdeu.
— Por essa eu realmente não esperava.
— Eu gosto de surpreender — disso eu não tinha dúvidas. — E de ganhar. Nunca perco.
Sua voz transbordava convencimento. Ela estava me confundindo. Ao mesmo tempo que seus olhos pareciam doces e intensos, suas palavras demonstravam orgulho.
— E o que quer? — Eu já estava me arrependendo de ter começado aquela aposta.
Ela bebeu mais um gole da água. Olhou para a taça e em seguida, sob a pestanas, me encarou, como se pudesse ver através de mim.
— Eu quero…